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sábado, 21 de novembro de 2009

-anger-

Às vezes, o ódio vem, e trás consigo a dor da razão. Faz com que a visão não seja mais embaçada, e sim a mais nítida possível. Agora eu posso ver. Ver que não sou eu, e nem você, muito menos nós. Ver que não tem relação alguma, a distância, ou as barreiras. Ver que o ser humano é o causador de sua própria derrota, de sua própria solidão. Ver que o sentido de não querer, é desvirtuado a diversas desculpas, levando à percepção do sentido não poder, não ter como. Idiotice. Ver que a vida não é feita de sonhos, nem de pesadelos, mas sim de momentos. Momentos que ficam, que vão, que são feitos, planejados ou somente não desejados. Ver que a palavra culpa, é pesada demais, mas que mesmo assim se torna adequada às vezes. Ver que você pode fazer tudo o que quiser, mas muitas vezes, somente não quer. Ver que o ser humano é capaz de tanta frieza, de tanta crueldade, a ponto de deixar o amor ser assassinado em meio a uma guerra de emoções. Ver que eu posso ser capaz de seguir em frente, com ou sem você, de maneiras diferentes obviamente, mas mesmo assim com um sorriso estampado. Um sorriso falso, carregado de saudade, que não aguenta o movimento de seus próprios músculos, mas aparentemente perfeito. Ver que você pode ser tudo o que eu preciso, tudo o que eu quero, tudo o que eu mais cobiço e venero, mas nem por isso, se faz necessário para eu seguir. Ver que eu sou mais forte do que eu pensava. Às vezes o ódio é bom. Ele nos faz ver a vida. Ele nos dá um tapa com todas as forças na cara, fazendo despertar de qualquer sonho. Ele nos faz perceber que sonhar é bom, mas sonhar acordado é completamente inútil. Nos faz ver que não basta ser legal, ou amar alguém com todas as forças, pois isso nem sempre é o suficiente. Me faz ver que eu te odeio, mais ainda, por me fazer te amar tanto.
A.F.P.

domingo, 15 de novembro de 2009

-time-

Com o tempo tudo muda, todos mudam. Em um piscar de olhos, um tornado de transformações passa por sua paisagem. É difícil acompanhar, mais difícil ainda ficar para trás. Ver tudo o que você ama, tudo o que você odeia, admira ou inveja, mudando radicalmente, saindo do lugar. Você muda, eu mudo, o nosso meio muda, o seu amor muda, você muda, eu mudo, o nosso meio muda, o seu amor muda, você muda, eu mudo, nosso meio muda, e meu amor nunca muda, eu mudo, você muda, você muda, eu mudo, o nosso meio muda, o amor muda, o amor nunca muda, muda, não muda, quer mudar, mas não muda [...] Com o tempo tudo aprende a mudar, todos aprendem a mudar. Em um piscar de olhos, você vira um tornado de transformações passando pela paisagem dos que ficam. Aprende a acompanhar, aprende a não ficar para trás. Ver que tudo o que você ama, tudo o que você odeia, admira ou inveja, muda radicalmente, sai do lugar, sem se importar com aqueles que ficam para trás. Você muda, eu mudo, o nosso meio muda, você muda, eu mudo, nosso meio muda, tudo muda, nosso meio muda, meu amor, seu amor, eu mudo, seu amor morre, mas você não muda, eu mudo, e o meu amor simplesmente se muda. Idiota.
A.F.P.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

- numb -

Para onde foram meus sonhos? Eu prometi ser forte e aqui estou, com uma navalha cravada em meu peito, tirando pouco a pouco o resto de vida que ali existe, mas mesmo assim, forte, de cabeça erguida, inabalável. Simulação, coisa simples, ao menos com o tempo se torna simples. Toda a dor aprende a se concentrar no interior, deixando o exterior translúcido quanto a isso. Uma blindagem perfeita, impenetrável, nada entra e nada sai. Faço todas as lágrimas voltarem ao seu lugar de origem. Não quero ser fraco, parecer fraco, mesmo que meus joelhos queiram desmoronar, ceder à dor; mesmo que meus ombros estejam cansados de carregar o peso do mundo sobre eles; mesmo que a vida seja traiçoeira o suficiente a ponto de querer com todos os seus truques da manga querer me derrubar, me surrar, com verdades que não param de chegar; mesmo que agora o brilho em meus olhos tenha se tornado opaco, vazio, um dilema aos curiosos; eu serei forte. Sempre fui, não é agora que isso vai mudar. O mundo não precisa saber o que se passa aqui por dentro; tampouco se importam com o que se passa por fora. Às vezes o medo toma conta, leva meu ego ao ponto culminante da lucidez, e isso está pesando; meus olhos estão pesados, querem mostrar ao mundo sua fragilidade, mas, eu não posso, eu não posso, eu não vou ceder. - pausa - Não quero parecer depressivo, ou emocionalmente abalado, até porque não se encaixa em mim este perfil; não sei se aguento mais, tanto faz, não sei o que fazer, minhas piores dores são palavras que eu não posso dizer.
A.F.P.